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STUDIO / ATELIER / WERKSTATT
o meu universo

9 de Julho de 2022 As minhas cores mudaram desde que vim morar para Lünen: Esta casa, o meu atelier, mas sobretudo o jardim abriu as minhas cores: tornou-as vivas e ousadas, exuberantes e atrevidas. Comecei a usar “rosas” fortes, azuis de um ultramarino espesso e intenso, amarelos vivos a combinar com outros amarelos. Isto era incomum nos meus trabalhos antigos. Antes eu recorria às cores escuras e aos cenários pesados. As constantes mais fortes porém continuam: a ambiência insólita de espaços remotos ou desconhecidos, o recurso a poucos elementos, a renuncia à entropia enquanto figura de estilo que é sempre bem-vinda nos conceitos de modernidade. Mas as cores, … Sim as cores são outras. Acho que a origem da diferença está nesta casa e neste jardim, quase um parque embutido numa floresta onde no Inverno passeiam corças e no verão todas as aves se reúnem para nos acordar muito cedo com chilreios labirínticos. Aqui ao lado estende-se o "Datteln-Hamm-Kanal", uma via fluvial que corre paralela ao rio "Lippe", através de "Waltrop", "Lünen", "Bergkamen", para terminar no porto do canal de "Schmehausen" : 47 km de água apertada entre duas margens de parques, caminhos pedonais e vias para ciclistas. À beira do canal, aqui muito perto, espraia-se o "Horstmarer See", um lago de 9 hectares. Inicialmente criado para a grande exposição nacional de jardins ( Landesgartenschau ), hoje o "Horstmarer See" está conquistado por aves nativas. São esses patos bravos, faisões e outros galináceos, garças e parentes pernaltas que vêm de vez em quando pousar, atrevidos no jardim. Investigam a lagoa dos nenúfares, ao lado do quiosque e alguns vão e regressam. Neste paraíso pelo qual todos os dias agradeço, tenho o privilégio de me poder entregar à tarefa que, como que um imperativo inalienável, se impôs desde sempre na minha vida – pintar , malgrado as barreiras, os entraves, os bloqueios e a resistência implacável do mundo das artes, "das konservativ-etablierte (s) milieu" de hoje - Um meio conservativo que se julga vanguardista ao multiplicar "ad aeternum" a modernidade do passado, não deixando "o diferente" romper. Teresa Crawford Cabral dos “Diários inéditos”

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